
História das Copas: Brasil - 1950

A maior tragédia do futebol brasileiro
A Segunda Guerra Mundial obrigou o presidente da FIFA, Jules Rimet, a alterar a sede da entidade da França invadida pelos alemães para a neutra Suíça, onde é até hoje.
Encerrado o conflito, o Brasil apresentou sua candidatura para receber o próximo campeonato mundial, e os países europeus, ainda sofrendo com as graves conseqüências da guerra, não colocaram resistência. Resultado: o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 1950 sem concorrentes.
E a própria nação verde-amarela propôs a forma de disputa: divididos em quatro grupos, os países jogariam entre si, e o melhor de cada chave seria classificado para um último turno, no qual o que somasse mais pontos sairia campeão. A FIFA aceitou o método, que foi usado apenas em 1950.
Para a Copa, a cidade do Rio de Janeiro, então capital federal, prometeu construir um grande estádio para a realização das partidas.Iniciado em agosto de 1948, o Maracanã (Estádio Jornalista Mário Filho) foi concluído no dia 16 de junho de 1950, uma semana antes do início da Copa do Mundo.
Além do Rio, outras cinco cidades brasileiras receberam jogos do mundial: Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife e São Paulo. E a partir daquela edição, a taça da Copa do Mundo passou a se chamar Taça Jules Rimet, em homenagem ao presidente da FIFA.
Seleção brasileira perfilada no gramado do Maracanã; pôster oficial do torneio
O torneio iniciou-se no dia 24 de junho de 1950, e o Brasil saiu goleando o México por 4 a 0 para 81. 500 pessoas em pleno Maracanã, com dois gols do atacante Ademir Menezes.
Depois enfrentou a Suíça. Foi o único jogo da seleção nacional em São Paulo na Copa de 1950. O técnico Flávio Costa, a fim de agradar a torcida local, escalou um meio-campo formado apenas por paulistas. Como o Brasil nunca havia jogado com essa formação, o resultado acabou sendo um empate em 2 a 2 (gols de Alfredo e Baltazar), além de um público decepcionado.
O último adversário do Brasil antes do turno final foi a Iugoslávia (que havia vencido Suíça e México por 3 a 0 e 4 a 1, respectivamente). Assim, a seleção entrou em campo com chances reais de desclassificação na própria casa. Mas com gols de Ademir e Zizinho, o Brasil passou para o quadrilátero final por 2 a 0.
Os outros classificados foram Espanha, Suécia e Uruguai.
Nessa fase, o Brasil mostrou o seu grande futebol: goleou a Suécia por 7 a 1 e a Espanha por 6 a 1. Isso deu confiança ao grupo, que disputaria o último jogo – por coincidência, o último da Copa – precisando apenas de um empate contra o Uruguai. Todos, inclusive os jogadores, consideravam o jogo apenas uma formalidade para os donos da casa erguerem a taça.
Mas foi aí que a tragédia aconteceu.
O dia era 16 de julho. Mais de 200 mil pessoas já comemoravam o quase certo título no Maracanã – o número oficial de pagantes era de 173.850, mas muitos torcedores entraram sem pagar pelo ingresso. O primeiro tempo terminou em 0 a 0, mas, na volta do intervalo, o brasileiro Friaça abriu o placar. A insistência do Uruguai, comandados por Obdulio Varela, entretanto, fez com que a Celeste empatasse aos 20 minutos (gol de Schiaffino). Aos 34, o pior aconteceu: gol de Ghiggia em Barbosa. Final: 2 a 1 para os uruguaios. O “Maracanazo”, como ficou conhecida a tragédia, emudeceu a torcida.
Ghiggia vence Barbosa e marca o 2º gol do Uruguai, que garantiu o título à Celeste
O Brasil conquistou a artilharia do mundial com os nove gols de Ademir.
A partir daquela Copa, a seleção brasileira deixou de lado o uniforme branco que vinha usando desde 1930 e passou a vestir o famoso conjunto canarinho, que traria a vitória oito anos depois, na Suécia.
A Copa do Mundo de 1950 também apresentou outra “zebra”. Em sua primeira participação nos mundiais, a Inglaterra, inventora do futebol, foi eliminada ainda na primeira fase, após perder para os Estados Unidos (1 a 0), em Belo Horizonte. Detalhe: a seleção americana era formada por jogadores amadores.
E a Itália, bicampeã mundial, não apresentou a mesma força dos anos anteriores. O motivo foi a perda dos integrantes do time do Torino, que formavam a Squadra Azurra, em um acidente aéreo, ocorrido em 1949.
Campanha brasileira na Copa do Mundo de 1950:
Primeira fase / Grupo 1:
BRASIL 4 X 0 MÉXICO
BRASIL 2 X 2 SUÍÇA
BRASIL 2 X 0 IUGOSLÁVIA
Quadrangular final:
BRASIL 7 X 1 SUÉCIA
BRASIL 6 X 1 ESPANHA
BRASIL 1 X 2 URUGUAI
Trio de artilharia:
Ademir (BRA) – 9 gols
Zarra (ESP) – 5 gols
Chico (BRA) – 4 gols
Classificação final:
1º - URUGUAI
2º - BRASIL
3º - SUÉCIA
4º - ESPANHA
5º - IUGOSLÁVIA
6º - SUÍÇA
7º - ITÁLIA
8º - INGLATERRA
9º - CHILE
10º - ESTADOS UNIDOS
11º - PARAGUAI
12º - BOLÍVIA
13º - MÉXICO