
História das Copas do Mundo: Inglaterra - 1966

Um gol polêmico
A 8ª Copa do Mundo foi realizada em 1966 na Inglaterra. Os inventores do futebol e os bicampeões mundiais, desde início, eram os favoritos ao título. Mas outras equipes como Alemanha Ocidental, Itália e União Soviética também sonhavam com a Taça Jules Rimet.
Confiante no tricampeonato, o presidente da CBD, João Havelange, assumiu a comissão técnica da seleção canarinho, enquanto o técnico, Vicente Feola, convocou 46 jogadores para o mundial - um recorde.
Desorganizado, o Brasil foi enviado à Inglaterra ainda com 27 componentes na equipe. Era necessário, portanto, um corte de cinco destes para se chegar aos 22 requeridos pela FIFA.
A Copa do Mundo de 1966 teve início no dia 11 de julho com um empate em 0 a 0 entre Inglaterra e Uruguai, para frustração de Sua Majestade, a Rainha Elisabeth II, que acompanhou a partida no Estádio Wembley.
No dia seguinte, a Alemanha Ocidental marcou cinco contra a Suíça com a ajuda do então jovem Franz Beckenbauer, líbero que faria história em 1974 na Copa realizada em seu país.
Ainda na primeira fase, a União Soviética ganhou da estreante Coreia do Norte por 3 a 0.
Quanto ao Brasil, o início não foi lá dos melhores. Apesar da vitória por 2 a 0 sobre a Bulgária, o time não empolgou com os gols de bola parada de Pelé e Garrincha. Mas a partir daí a situação piorou de vez. No desafio com a Hungria, os canarinhos jogaram sem Pelé, contundido desde o jogo com os búlgaros, e acabaram perdendo por 3 a 1.
Na última partida, encontraram o forte Portugal do atacante Eusébio. Não seria uma disputa fácil. Os lusos já haviam vencido a Hungria por 3 a 1 e a Bulgária por 3 a 0. E o sonho de levar em definitivo a Taça Jules Rimet para casa foi, de fato, destruído. Eusébio marcou dois, e Simões, um. Rildo, para o Brasil, também um. O placar final de 3 a 1 desclassificou os bicampeões mundiais ainda na primeira fase, em uma das piores campanhas da história da seleção canarinho (11º lugar).
Eusébio, astro do Mundial de 66 (Rep.)
Mas a eliminação do Brasil não foi a única surpresa: a Itália também não se classificou para a segunda fase devido a uma derrota para a desconhecida Coreia do Norte, que conseguiu passagem para as quartas-de-final.
Já os ingleses só devolveram confiança aos seus torcedores contra o México, em um magro 2 a 0. E por esse mesmo placar, no jogo com a França, carimbaram passagem para a próxima fase.
As quartas-de-final foram disputadas no dia 23 de julho. A Alemanha manteve as esperanças de erguer pela segunda vez a Taça Jules Rimet após vencer por 4 a 0 o Uruguai. Enquanto isso, a União Soviética ainda mostrava força contra a Hungria (2 a 1).
Já os donos da casa fizeram um dos jogos mais tensos das quartas com a Argentina. Além da rivalidade que dura até hoje entra as duas equipes, a disputa também foi responsável pela criação dos cartões amarelo e vermelho: após ser expulso, o argentino Rattin discutiu com o juiz. Este, um alemão, não compreendia a língua espanhola, e a expulsão acabou se consumando. Assim, a partir de 1970, juízes passaram a utilizar tais cartões para facilitar a comunicação em campo. O resultado daquela partida, aliás, foi 1 a 0 para a Inglaterra.
Mascote oficial da Copa do Mundo de 1966, o leão "Willie"; pôster oficial da competição
Já coreanos e portugueses fizeram a partida dos azarões. Estreantes em Copas, conseguiram chegar às quartas após passarem por cima de seleções tradicionais, como Itália e Brasil. Os asiáticos quase surpreenderam após abrirem 3 a 0 em apenas vinte e cinco minutos, mas os europeus reverteram a situação, fechando o resultado em 5 a 3 (com quatro gols de Eusébio). Portugal estava nas semifinais.
A penúltima fase da Copa do Mundo de 1966 teve confrontos entre Alemanha Ocidental e União Soviética, no Estádio Goodison Park (Liverpool), e Inglaterra e Portugal, no Estádio Wembley.
Os tradicionais germânicos não deram chance aos soviéticos, que foram mandados para casa após perderem por 2 a 1. Já os ingleses acabaram com o sonho português, também por 2 a 1, com dois gols do famoso meia inglês Bobby Charlton. Portugal seria o terceiro colocado daquele mundial após ganhar da União Soviética por 2 a 1 com a assinatura de mais um tento de Eusébio. O atacante acabaria assumindo a artilharia daquela Copa com 9 gols.
A final foi disputada no dia 30 de julho no Estádio Wembley para um público de quase 97 mil pessoas, dentre as quais a Rainha Elisabeth II. E para o desespero de Sua Alteza, a Alemanha Ocidental começou vencendo a partida, quando Helmut Haller abriu o placar aos doze minutos. Os ingleses reverteriam a situação com gols do atacante Geoff Hurst e do meia Martin Peters. O alemão Wolfgang Weber, no entanto, empatou a disputa aos quarenta e quatro do segundo tempo, quando todo o estádio já comemorava a conquista da Jules Rimet.
O jogo foi para a prorrogação. Mas foi aí que ocorreram os dois lances mais controvertidos daquele mundial.
O primeiro: Hurst dominou uma bola levantada na área e chutou em direção ao gol. A bola bateu no travessão, caiu sobre a linha e voltou para o campo. O juiz suíço Gottfried Dienst, entretanto, confirmou o gol, apesar das reclamações dos alemães.
O segundo: Hurst partiu em um contra-ataque e marcou o quarto gol inglês. O detalhe é que alguns torcedores já haviam entrado no campo, de modo que o gol deveria ser invalidado. O árbitro, mais uma vez, deu razão aos donos da casa, que saíram de campo campeões do mundo.
Seleção da Inglaterra comemora conquista do título no Estádio de Wembley (Reprodução)
Campanha brasileira na Copa do Mundo de 1966:
Primeira fase / Grupo 3:
BRASIL 2 X 0 BULGÁRIA
BRASIL 1 X 3 HUNGRIA
BRASIL 1 X 3 PORTUGAL
Trio de artilharia:
Eusébio (POR) – 9 gols
Helmut Haller (FRG) – 6 gols
Valeriy Porkuyan (URSS) – 4 gols
Classificação final:
1º - INGLATERRA
2º - ALEMANHA OCIDENTAL
3º - PORTUGAL
4º - UNIÃO SOVIÉTICA
5º - ARGENTINA
6º - HUNGRIA
7º - URUGUAI
8º - COREIA DO NORTE
9º - ITÁLIA
10º - ESPANHA
11º - BRASIL
12º - MÉXICO
13º - FRANÇA
14º - CHILE
15º - BULGÁRIA
16º - SUÍÇA