
História das Copas do Mundo: Alemanha Ocidental - 1974

A “Laranja Mecância” encanta o mundo
A Copa do Mundo de 1974 foi disputada no lado ocidental da Alemanha. Em função da Guerra Fria, o país ainda estava dividido em dois blocos: o capitalista e o socialista. E, por um acaso do sorteio, ambas caíram no mesmo grupo da primeira etapa do mundial.
Diferente das edições anteriores, a FIFA optou por não utilizar jogos mata-mata na segunda fase da Copa de 1974. Ao invés, seriam formados outros dois grupos com os classificados dos quatro primeiros quadrangulares, que jogariam entre si. Os melhores de cada um desses grupos, denominados A e B, disputariam a final, enquanto os segundos melhores jogariam o jogo pelo terceiro lugar.
A primeira partida foi entre Brasil e Iugoslávia, no dia 13 de junho, pelo Grupo 2. E os canarinhos tricampeões não empolgaram muito ao empatarem em 0 a 0. Repetiriam esse mesmo placar no jogo seguinte, contra a Escócia, e só se classificaram após derrotarem a fraca seleção do Zaire (atual República Democrática do Congo) por 3 a 0. O Brasil acabaria passando para a segunda fase em segundo lugar, atrás da Iugoslávia.
Pelo Grupo 1, os donos da casa, que contavam com o talento veterano de Franz Beckenbauer, venceram a primeira partida contra o Chile por um magro 1 a 0. Na disputa seguinte, conseguiram outra vitória: 3 a 0 sobre a Austrália.
Já a última partida dos anfitriões seria histórica. As duas Alemanhas entraram em campo e o jogo foi muito além do mero aspecto esportivo, já que duas visões socioeconômicas diferentes e, por vezes, conflituosas estavam em confronto. Do duelo, o lado socialista saiu vencedor. O meia Juergen Sparwasser foi único a balançar a bola durante toda a partida, e o resultado de 1 a 0 para a Alemanha Oriental fez com que os donos da casa ficassem em segundo lugar no grupo, atrás dos vizinhos orientais.
Mascotes da Copa de 1974, "Tip e Tap"; pôster oficial (Rep.)
A grande sensação da Copa do Mundo de 1974, entretanto, estava no Grupo 3. Ao lado de Bulgária, Suécia e Uruguai, a Holanda, ou melhor, a “Laranja Mecânica”, formada por uma geração única de jogadores: Harry Vos, Johan Neeskens, Rene Van De Kerkhof, Willy Van De Kerkhof e um dos maiores futebolistas da história, Johan Cruyff, são apenas alguns nomes da grande seleção dos anos 1970. A Holanda mostrou um futebol total, aliando técnica à arte. E, com esse talento, colecionaria vitórias e mais vitórias.
A primeira grande exibição da “Laranja Mecânica” em Copas do Mundo foi contra o Uruguai, da qual saiu vencedora com dois gols do atacante Johnny Rep. Na sequência, ficou no empate sem gols com a Suécia, em um dos melhores jogos do mundial. Por fim, a goleada por 4 a 1 sobre a Bulgária garantiu o primeiro lugar aos laranjas no quadrangular.
Seleção holandesa na Copa de 1974: a "Laranja Mecânica" (Reprodução)
No Grupo 4, os classificados foram Polônia e Argentina, deixando de fora a vice-campeã mundial Itália.
Após os jogos da primeira fase, as seleções classificadas foram reunidas em dois grupos: pelo Grupo A, Alemanha Oriental, Argentina, Brasil e Holanda; pelo B, Alemanha Ocidental, Iugoslávia, Polônia e Suécia.
A seleção canarinho já não contava com o grande elenco do mundial anterior, e a ausência de craques como Clodoaldo e Pelé pesou nos jogos da última fase.
Seleção brasileira enviada à Copa do Mundo de 1974 (Reprodução)
Apesar das vitórias iniciais (1 a 0 sobre a Alemanha Oriental e 2 a 1 sobre a Argentina), o jogo contra a forte Holanda mostraria as deficiências da equipe comandada por Zagallo na Copa do Mundo de 1974. Johan Neeskens abriu o placar para a “Laranja Mecânica” aos cinco minutos do segundo tempo, e Johan Cruyff ampliou a vantagem aos vinte. Placar final: 2 a 0 para os laranjas, que chegavam à primeira final, enquanto ao Brasil cabia a disputa pelo terceiro lugar.
Os adversários da Holanda seriam os próprios anfitriões, que venceram seus três jogos no Grupo B (2 a 0 sobre a Iugoslávia, 4 a 2 sobre a Suécia e 1 a 0 sobre a Polônia). Seria a terceira final disputada pelos germânicos em Copas do Mundo – e o fator casa empurrava a equipe de Franz Beckenbauer rumo à vitória. Os poloneses, por outro lado, seriam os oponentes do Brasil na disputa pelo terceiro lugar.
O jogo foi realizado no dia 06 de julho. E a atuação brasileira, mais uma vez, não convenceu. A equipe de Zagalo terminou a Copa do Mundo de 1974 em quarto lugar após perder por 1 a 0 da Polônia (gol de Grzegorz Lato, artilheiro daquele mundial e um dos maiores jogadores de todos os tempos).
Já a final ocorreu no Olympiastadion de Munique, e um público de mais de 78 mil pessoas torcia pela Alemanha Ocidental.
Mas o início daquela partida seria histórico: os laranjas deram quase dez toques com a bola, sem deixar que os germânicos nem ao menos chegassem próximo. Quando Cruyff chamou para si a responsabilidade de partir para o gol adversário, ele foi derrubado na área por Uli Hoenes. O árbitro inglês John Taylor não teve dúvida, marcou o pênalti, e Johan Neeskens converteu. Dois minutos de jogo e a Alemanha Ocidental já perdia por 1 a 0.
Os donos da casa só empatariam a partida aos vinte e cinco minutos com Paul Breitner, também de penâlti. E Gerd Muller reverteria o resultado ainda na primeira etapa. Aos 43 minutos, ele venceu o goleiro Jan Jongnloed e virou o jogo. Na segunda etapa, a Holanda se desestabilizou e não conseguiu se reerguer. Assim como a Hungria, em 1954, a seleção favorita perdia a final para a Alemanha Ocidental. Placar da partida: 2 a 1 para a Alemanha Ocidental, que se sagrava bicampeã mundial.
Os craques da Copa de 1974: Franz Beckenbauer e Johan Cruyff (Reprodução)
Mas o trofeu que os germânicos ergueram não era o mesmo que a seleção alemã de 1954 erguera. Com o tricampeonato da seleção canarinho em 1970, a Taça Jules Rimet ficou em definitivo com o Brasil, e a FIFA criou um novo prêmio para os campeões. Sendo assim, Franz Beckenbauer foi o primeiro a levantar o caneco que até hoje é dado aos vencedores, a Taça FIFA.
Campanha brasileira na Copa do Mundo de 1974.
Primeira fase / Grupo 2:
BRASIL 0 X 0 IUGOSLÁVIA
BRASIL 0 X 0 ESCÓCIA
BRASIL 3 X 0 ZAIRE
Segunda fase / Grupo B:
BRASIL 1 X 0 ALEMANHA ORIENTAL
BRASIL 2 X 1 ARGENTINA
BRASIL 0 X 2 HOLANDA
Disputa pelo terceiro lugar:
BRASIL 0 X 1 POLÔNIA
Trio de artilharia:
Grzegorz Lato (POL) – 7 gols
Andrzej Szarmach (POL) – 5 gols
Johan Neeskens (HOL) – 5 gols
Classificação final:
1º - ALEMANHA OCIDENTAL
2º - HOLANDA
3º - POLÔNIA
4º - BRASIL
5º - SUÉCIA
6º - ALEMANHA ORIENTAL
7º - IUGOSLÁVIA
8º - ARGENTINA
9º - ESCÓCIA
10º - ITÁLIA
11º - CHILE
12º - BULGÁRIA
13º - URUGUAI
14º - AUSTRÁLIA
15º - HAITI
16º - ZAIRE