História das Copas do Mundo: Argentina - 1978
Capitão da seleção argentina, Daniel Passarella, ergue taça como campeãoA vitória dos “hermanos”
A Copa do Mundo voltou à América do Sul em 1978, na Argentina. E aquele mundial ficaria manchado por lances polêmicos, enquanto o ditador Jorge Videla comandava o país.
Contrário a este governo, Johan Cruyff decidiu não acompanhar a seleção da Holanda aos pampas argentinos, desfalcando – e muito – a “Laranja Mecânica”. Outra ausência foi Win van Hanagen, que se desligou da equipe holandesa às vésperas do Mundial.
A FIFA optou por manter o mesmo esquema de divisão de fases em 1978. Assim, os classificados dos quatro primeiros quadrangulares formariam outros dois grupos na segunda fase, dos quais os primeiros colocados iriam para a final, enquanto os segundos jogariam a disputa pelo terceiro lugar.
Iniciada no dia 1º de junho, a Copa da Argentina apresentou um empate logo na primeira partida: 0 a 0 entre Alemanha Ocidental e Polônia, pelo Grupo 2. Os bicampeões do mundo não fariam uma campanha convincente. Mesmo após golearem o México por 6 a 0, empatariam novamente em 0 a 0 no jogo com a estreante Tunísia. O país africano, aliás, faria história ao se tornar ser o primeiro daquele continente a vencer uma disputa em Copas do Mundo: 3 a 1 contra o México.
Os donos da casa caíram no Grupo 1, um dos mais difíceis do Mundial. Frente a frente, Argentina, França, Hungria e Itália disputavam espaço na segunda fase. Os argentinos começaram com vitórias de 2 a 1 sobre Hungria e França. Porém, no último jogo da primeira fase, sairiam derrotados da Itália do técnico Enzo Bearzot por 1 a 0, com o gol do atacante Bettega. Em função dessa derrota, os anfitriões não conseguiriam o primeiro lugar no quadrangular, que ficou com a Azurra.

Seleção argentina de 1978; ao lado do goleiro, com bigode, o artilheiro Kempes (Rep.)
Esse mesmo grupo apresentou um fato curioso na partida entre França e Hungria. Ambas as equipes chegaram ao estádio José María Minella, em Mar Del Plata, com uniformes de mesma cor. Por causa disso, os franceses tiveram que vestir uma camisa em listras verdes e brancas do time local do Kimberly.
Pelo Grupo 4, a “Laranja Mecânica” iniciou uma campanha não tão brilhante quanto à de quatro anos antes. Só venceu um jogo na primeira etapa da competição, contra o fraco Irã, por 3 a 0; depois, empataria sem gols com o Peru e chegaria a perder para a Escócia (3 a 2). A Holanda se classificaria para a última etapa do torneio em segundo lugar, atrás do Peru.
Já a seleção canarinho estreou no mundial no dia 03 de junho no jogo com os suecos (1 a 1). No último lance dessa partida, Zico mandou uma bola ao gol de cabeça. A bola passou a linha, e o Brasil teria marcado o segundo tento se o juiz inglês Clive Thomas não houvesse encerrado a disputa segundos antes desse lance. As polêmicas começavam.

Seleção brasileira enviada à Argentina para o Mundial de 1978 (Reprodução)
Os canarinhos empatariam novamente com a Espanha (0 a 0) e só garantiriam lugar na última etapa após vencerem a Áustria com um gol do atacante Roberto Dinamite. Os austríacos assumiram a ponta do Grupo 3.
Terminada a primeira fase da Copa do Mundo de 1974, oito países continuavam na disputa pela Taça FIFA: Alemanha Ocidental, Áustria, Holanda e Itália (Grupo A); Argentina, Brasil, Peru e Polônia (Grupo B). Nessa etapa da competição, o mundial já estava marcado pelos estádios lotados de torcedores que empurravam a seleção anfitriã rumo à vitória jogando papéis brancos e azuis.
A “Laranja Mecânica” voltou a mostrar força no Grupo A, derrotando a Áustria por goleada (5 a 1), acabando com os sonhos da Itália (2 a 1) e impedindo que a algoz Alemanha Ocidental disputasse sua segunda final consecutiva (2 a 2). A Holanda novamente iria lutar pelo troféu, enquanto aos italianos, que brilhariam quatro anos depois, cabia a disputa pelo terceiro lugar.
Já o Grupo B seria o mais polêmico da Copa do Mundo de 1978, envolvendo os eternos arquirrivais Argentina e Brasil. Os “hermanos” começaram a segunda etapa vencendo a Polônia por 2 a 0, enquanto os canarinhos fizeram 3 a 0 sobre o Peru. Na sequência, foi a vez das duas mais fortes equipes da América do Sul se encontrarem, numa disputa que não saiu do 0 a 0. Até aí, tudo bem.

Masconte da Copa de 1978, "Gauchito"; pôster oficial do campeonato (Rep.)
A polêmica começou no dia 21 de junho, quando, às 16h45, o Brasil entrou em campo contra a Polônia e saiu vencedor por 3 a 1. Três horas depois, foi a vez dos argentinos jogarem com o desclassificado Peru. Devido ao saldo de gols, os anfitriões já iniciaram a disputa sabendo que precisavam vencer por 4 a 0 para chegarem à final. Com dois gols do atacante Kempes e uma atuação peruana estranha, a Argentina ganhou de 6 a 0 – a mesma equipe do Peru que havia ganhado da Escócia e empatado com a Holanda na primeira fase, mas que, curiosamente, não mostrou a mesma força contra a Argentina. Desde àquela polêmica partida, a FIFA exige que as últimas partidas de cada grupo sejam realizadas no mesmo horário. Para todos os efeitos, os donos da casa estavam na final.
A seleção canarinho terminaria a competição com a medalha de bronze, após vencer a Itália por 2 a 1 (gols de Nelinho e Dirceu). Apesar de não ter perdido nenhuma partida, o Brasil saiu sem a taça da Copa de 1978 e a campanha na Argentina lhe renderia o título de “Campeão Moral”.
A final foi disputada no dia 25 de junho no estádio El Monumental, em Buenos Aires, para um público de mais de 70 mil pessoas.
Os argentinos saíram na frente com um gol de Kempes aos 38 minutos do primeiro tempo. O holandês Dick Nanniga, entretanto, estragou a festa dos anfitriões a sete minutos do fim, levando o jogo para a prorrogação. Mas não seria daquela vez que a “Laranja Mecância” ergueria a taça. Kempes e Bertoni fecharam o placar em 3 a 1 para a Argentina, que se sagrava campeã do mundo 48 anos após sua primeira final, no Uruguai.

Kempes marca o primeiro gol argentino na prorrogação contra a Holanda (Rep.)
Além do trofeu, os argentinos comandados por Daniel Pasarella também ganharam a artilharia do campeonato com Kempes, que fez seus seis gols na segunda fase.
Campanha brasileira na Copa do Mundo de 1978.
Primeira fase / Grupo 3:
BRASIL 1 X 1 SUÉCIA
BRASIL 0 X 0 ESPANHA
BRASIL 1 X 0 ÁUSTRIA
Segunda fase / Grupo B:
BRASIL 3 X 0 PERU
BRASIL 0 X 0 ARGENTINA
BRASIL 3 X 1 POLÔNIA
Disputa pelo terceiro lugar:
BRASIL 2 X 1 ITÁLIA
Trio de artilharia:
Mario Kempes (ARG) – 6 gols
Teofilo Cubillas (PER) – 5 gols
Rob Rensenbrink (HOL) – 5 gols
Classificação final:
1º - ARGENTINA
2º - HOLANDA
3º - BRASIL
4º - ITÁLIA
5º - POLÔNIA
6º - ALEMANHA OCIENTAL
7º - ÁUSTRIA
8º - PERU
9º - TUNÍSIA
10º - ESPANHA
11º - ESCÓCIA
12º - FRANÇA
13º - SUÉCIA
14º - IRÃ
15º - HUNGRIA
16º - MÉXICO
