História das Copas do Mundo: Itália - 1990

 
 
ReproduçãoCraque da Alemanha, Lothar Matthaus ergue taça após vitória
 

Poucos gols

A Itália recebeu o direito de sediar novamente um Mundial cinquenta e seis anos após organizar sua primeira Copa. Apesar da excelente estrutura montada para receber as seleções, com 10 estádios reformados ou construídos, não se verificou em campo um bom futebol. Tanto que o torneio de 1990 entrou para a história como o com a menor média de gols – 2,21 por partida.

Mas, claro, surpresas sempre aconteciam. E estas eram os camaroneses, os famosos “Leões Indomáveis”, liderados por Roger Milla, o jogador mais velho até hoje a disputar uma Copa, com 38 anos de idade.

Já na partida inicial, no dia 08 de junho, Camarões derrotou a bicampeã Argentina por 1 a 0. Os “leões” ainda venceriam a Romênia por 2 a 1 (gols de Roger Milla) e, já classificados, perderiam para a União Soviética (4 a 0).

Os argentinos, por sua vez, não empolgaram na primeira fase: venceram os soviéticos por 2 a 0 e empataram em 1 a 1 com os romenos. Os “hermanos”, que ainda contavam com o talento de Maradona, classificaram-se como terceiro melhor colocado no Grupo 2.

Os donos da casa iniciaram sua campanha no dia 09 de junho, com 1 a 0 sobre a Áustria, gol de Salvatore “Totó” Schillaci, que se tornaria o artilheiro daquela Copa com seis tentos. Os italianos fariam poucos gols na primeira fase (1 a 0 nos Estados Unidos e 2 a 0 na Tchecoslováquia), mas a defesa anfitriã seria a melhor daquela competição.

Os canarinhos também não impressionaram como haviam feito nos dois mundiais anteriores. A seleção treinada por Sebastião Lazaroni passou à segunda etapa da Copa com magras vitórias sobre Suécia (2 a 1), Costa Rica (1 a 0) e Escócia (1 a 0). Os costarriquenhos, aliás, surpreenderam ao deixar os suecos sem chances de passagem à próxima por 2 a 1.

Surpresa assim também ocorreu no grupo da Alemanha Ocidental, que acabou empatada com a Colômbia do folclórico goleiro Higuita em 1 a 1. Contudo os alemães, mais uma vez, carimbaram lugar nas oitavas após aplicarem a maior goleada daquele Mundial: 5 a 1 sobre os Emirados Arábes Unidos.

A Inglaterra do famoso meia Paul Gascoigne também se classificou.

 
Mascote da Copa, "Ciao"; pôster oficial da Copa 1990 (Rep.)

 

As oitavas-de-final tiveram início no dia 23 de junho, com Camarões e Colômbia. O jogo terminou em 0 a 0 no tempo normal e precisou do grande Roger Milla para ser decidido. O “leão” marcou dois gols na prorrogação, desclassificando os sul-americanos. Pela primeira vez, um país africano chegava às quartas-de-final.

O sonho da Costa Rica, no entanto, terminou contra a Tchecoslováquia naquele mesmo dia. E de forma trágica: goleada de 4 a 1 para os europeus.

Os brasileiros, no dia 24 de junho, enfrentaram os eternos rivais argentinos no Estádio Delle Alpi, em Turim. Foi a melhor atuação da seleção canarinho na Copa de 1990, mas que sofreu com o número de gols perdidos. Quieta durante todo o jogo, a Argentina despertou a dez minutos do fim: Maradona deu um toque preciso para Caniggia, que driblou Taffarel e marcou o único tento daquela partida. A desclassificação precoce do País resultou na pior campanha do Brasil (9º lugar) desde 1966. Já a Argentina, mais uma vez, estava nas quartas.


Detalhe de um gol: Caniggia vence Taffarel e chuta para o gol brasileiro (Reprodução)

Inglaterra e Itália também foram à frente com vitórias sobre Uruguai (2 a 0) e Bélgica (1 a 0), respectivamente.

As quartas-de-final iniciaram-se no dia 30 de junho num jogo tenso entre Argentina e Iugoslávia, que só foi decidido nos pênaltis após um 0 a 0 no tempo normal. Foi aí que brilhou a figura do goleiro argentino Goycochea, que fez defesas fundamentais para a classificação dos sul-americanos. Placar final das penalidades: 3 a 2.

A Itália, com a ajuda sempre bem-vinda de “Totó” Schillaci, passou pela Irlanda por 1 a 0. Os irlandeses, treinados pelo britânico Jack Charlton, haviam feito uma excelente campanha em sua primeira participação em Copas do Mundo.

Os alemães, por sua vez, continuavam confiantes no tricampeonato, mas tiveram dificuldades em derrotar a Tchecoslováquia. O único gol daquela partida foi feito pelo habilidoso Lothar Matthaeus, de pênalti.

Mas o melhor jogo das quartas – talvez, o de toda aquele torneio – foi protagonizado por Camarões e Inglaterra.

Os “Leões Indomáveis” surpreenderam pela resistência e bom jogo dentro de campo. O inglês David Platt abriu o marcador aos vinte e cinco minutos do primeiro tempo, mas os camaroneses não se abalaram e viraram o placar na segunda etapa com Emmanuel Kunde e Eugene Ekeke. Faltando apenas sete minutos, Gary Linecker, o artilheiro da Copa de 1986, empatou a disputa, levando-a para a prorrogação. E Linecker, novamente de pênalti, selou o resultado aos quinze do segundo tempo dos acréscimos. A incrível campanha dos “Leões Indomáveis” chegava ao fim.

 
Craques da Copa: Roger Milla, do Camarões, e "Totó" Schilacci, da Itália (Reprodução)

A primeira semifinal foi protagonizada entre Argentina e Itália no dia 03 de julho. Confiantes no fator casa para conquistar o tetracampeonato, os italianos foram abrindo 1 a 0 logo aos dezessete minutos do primeiro tempo com “Totó” Schillaci. A Squadra Azurra, entretanto, tentou segurar a vantagem enquanto os sul-americanos avançavam. Aos vinte e dois minutos da segunda etapa, a pressão surtiu efeito e Canniggia empatou a partida. Ninguém conseguiu balançar as redes e a semifinal foi para a disputa por pênaltis. Mais uma vez, o goleiro Goycochea brilhou, defendendo duas cobranças italianas e garantindo lugar na final à Argentina.

Já Alemanha Ocidental e Inglaterra protagonizaram a outro jogo. Os germânicos com um futebol defensivo abriu o placar com Andreas Brehme. A dez minutos do fim, Gary Linecker empatou levando mais uma semifinal à prorrogação e, na sequência, aos pênaltis. Entretanto, não seria daquela vez que os britânicos se sagrariam bicampeões: Pearce e Waddle perderam suas cobranças.

Os donos da casa terminariam terceiro lugar após derrotarem a Inglaterra por 2 a 1, com mais um gol de “Totó Schillaci.

Já a final era uma repetição da ocorrida quatro anos antes, no México. A Argentina, no entanto, castigada pelos difíceis jogos anteriores, estava sem alguns jogadores, como Caniggia, além de não ter a mesma força. Já a Alemanha Ocidental estava disposta a vencer.

Mesmo assim, os “hermanos” ofereceram grandes dificuldades e acabaram com dois jogadores expulsos – os primeiras em finais de Copa do Mundo. A partida foi truncada até os quarenta minutos do segundo tempo, quando os alemães sofreram um pênalti, convertido por Brehme. Os argentinos acabaram entrando para a história como os primeiros a não marcarem gols em uma decisão de Mundial.

Os alemães, por sua vez, se sagravam tricampeões, igualando-se com Brasile Itália em número de títulos.

Campanha brasileira na Copa do Mundo de 1990.

Primeira fase / Grupo C:
BRASIL 2 X 1 SUÉCIA
BRASIL 1 X 0 COSTA RICA
BRASIL 1 X 0 SUÉCIA

Oitavas-de-final:
BRASIL 0 X 1 ARGENTINA

Trio de artilharia:

Salvatore Schillaci (ITA) – 6 gols
Tomas Skuhravy (TCH) – 5 gols
Michel (ESP) – 4 gols

Classificação final:

1º - ALEMANHA OCIDENTAL
2º - ARGENTINA
3º - ITÁLIA
4º - INGLATERRA
5º - IUGOSLÁVIA
6º - TCHECOSLOVÁQUIA
7º - CAMARÕES
8º - IRLANDA
9º - BRASIL
10º - ESPANHA
11º - COSTA RICA
12º - BÉLGICA
13º - ROMÊNIA
14º - HOLANDA
15º - URUGUAI
16º - COLÔMBIA
17º - ÁUSTRIA
18º - ESCÓCIA
19º - UNIÃO SOVIÉTICA
20º - EGITO
21º - SUÉCIA
22º - ESTADOS UNIDOS
23º - COREIA DO SUL
24º - EMIRADOS ARÁBES UNIDOS