
História das Copas: Estados Unidos - 1994

É tetra!
A 15ª Copa do Mundo foi realizada nos Estados Unidos, terra do basquete e do beisebol. Inicialmente, não foram poucos os que criticaram a escolha da FIFA, mas a competição na pátria do “Tio Sam” foi a de maior audiência até então – e, consequentemente, a mais lucrativa.
A Federação Internacional de Futebol também estabeleceu que as vitórias passariam a valer três pontos, e não dois como antes.
O Mundial teve início no dia 17 de junho com uma vitória magra dos tricampeões alemães sobre os bolivianos: 1 a 0, com gol de Klinsmann. Os detentores do título não tiveram uma participação brilhante, pois empataram com a Espanha em 1 a 1 e quase levaram um susto da Coreia do Sul (3 a 2).
Já os donos da casa fizeram a melhor campanha desde 1930 (no Uruguai, quando ficaram em terceiros) ao conseguirem uma vaga nas oitavas com um empate em 1 a 1 com a Suíça, uma derrota por 1 a 0 para a Romênia e uma vitória por 2 a 1 sobre a Colômbia, devido a um gol contra de Andres Escobar. O zagueiro sul-americano seria assassinado ao voltar ao seu país por causa desse lance.
Já os argentinos foram surpreendidos pelo caso de doping envolvendo o principal astro da seleção “hermana”: Diego Maradona. A comprovação desmoralizou a equipe, que perdeu de 2 a 0 para a Bulgária do atacante Stoichkov, chegando às oitavas-de-final enfraquecida após ficarem em terceiro lugar no Grupo D.
Além dos búlgaros, os sauditas também seriam as surpresas daquele torneio. A Arábia Saudita venceu o Marrocos por 2 a 1 e a Bélgica por 1 a 0 pelo Grupo F, só ficando em segundo lugar devido à derrota por 2 a 1 para a Holanda. No jogo contra os belgas, aliás, o atacante Said Al Owayran driblou vários adversários e fez o mais belo gol daquela Copa.
Pôster e 'Striker', o mascote oficial da Copa nos Estado Unidos (Reprodução)
Os italianos, por sua vez, não empolgaram e passaram por dificuldades para conseguirem lugar na etapa seguinte. Treinada por Arrigo Sacchi, a seleção de Roberto Baggio chegou até a perder para a Irlanda por 1 a 0.
Já os canarinhos do técnico Carlos Alberto Parreira tinham uma forte dupla em campo: Romário e Bebeto. No primeiro jogo pelo Grupo B, o “baixinho” fez um e Raí fez outro na vitória por 2 a 0 sobre a Rússia. Romário colocaria mais uma bola na rede nos 3 a 0 aplicados na equipe de Camarões. Por fim, e já classificada, a seleção brasileira enfrentou o forte time da Suécia no último jogo e não saiu de 1 a 1 (e, mais uma vez, gol de Romário).
Aquele mesmo quadrangular apresentou dois fatos históricos em Copas do Mundo – e em uma mesma partida, Camarões e Rússia. Primeiro, o “leão” Roger Milla se tornou a pessoa mais velha na história dos mundiais a marcar um gol, com 42 anos, um mês e oito dias. Segundo, o atacante russo Oleg Salenko balançou as redes adversárias cinco vezes, um recorde até hoje. O jogo entre Camarões e Rússia terminou em 6 a 1 para os europeus.
As oitavas-de-final tiveram início no dia 02 de julho, com os alemães batendo os belgas por 3 a 2, enquanto o sonho das “mil e uma noites” dos sauditas terminava diante dos suecos, que os derrotaram por 3 a 1.
Os argentinos também foram mais cedo para casa após os romenos do grande Gheorghe Hagi aplicarem 3 a 2 na equipe de Maradona, que assistiu a partida aos prantos.
A Itália, aos trancos e barrancos, venceu a Nigéria apenas na prorrogação – e de virada. A Azurra perdia até os momentos finais da partida, mas Baggio salvou a equipe, levando o jogo ao tempo extra. Baggio, de novo, numa cobrança de pênalti, selou o destino dos nigerianos. Placar final: 2 a 1 para a Itália.
O Brasil enfrentou os Estados Unidos no dia 04 de julho, Dia da Independência Norte-Americana. Num jogo dramático, os canarinhos perderam Leonardo, que deu uma entrada dura em Tab Ramos, mas saíram vencedores com um gol de Bebeto.
Seleção brasileira que fez a finalíssima contra a Itália nos EUA
Nas quartas-de-final, surpresa: os alemães, de virada, perderam para os búlgaros (2 a 1). O detalhe é que a Bulgária não havia vencido nenhuma partida nas outras Copas que participara e, de repente, se via nas semifinais após passarem pelos detentores do título.
Pelo mesmo placar, a Itália derrotou a Espanha, e, nos pênaltis, a Suécia bateu a Romênia.
Brasil e Holanda, por sua vez, fizeram um dos melhores jogos do Mundial. Romário e Bebeto abriram uma boa vantagem sobre os laranjas, mas Dennis Bergkamp e Aron Winter conseguiram o empate. A partida só seria resolvida a nove minutos do fim, quando Branco, numa cobrança de falta precisa, venceu a barreira e o goleiro holandeses. Placar final: 3 a 2 para o Brasil.
Na semifinal, Roberto Baggio colocou um fim à aventura búlgara. Foi dos pés dele que partiram os dois gols da vitória italiana por 2 a 1. Stoichkov faria o tento de honra para a melhor campanha da Bulgária na história das Copas do Mundo.
Já Brasil e Suécia se reencontraram e repetiram o jogo tenso da primeira fase. Só que, desta vez, Romário venceu a força sueca e marcou o único gol da partida, a dez minutos do fim. Após vinte e quatro anos, a seleção canarinho estava novamente numa final – e contra os mesmos adversários de 1970.
A final foi realizada no dia 17 de julho no Rose Bowl de Los Angeles para um incrível público de quase 95 mil pessoas.
Foi uma partida quente, tanto pelo calor da Califórnia quanto pela disputa em campo. Ninguém conseguiu balançar as redes no tempo normal e, muito menos, no tempo extra. Após mais de duas horas de jogo duro, a final foi para a disputa por pênaltis, a primeira na história das Copas do Mundo.
Foi aí que a dedicação e a sorte pesaram para equipe de Parreira. Franco Baresi perdeu a primeira cobrança; o chute de Massaro foi parar nas mãos de Taffarel; e Roberto Baggio mandou a bola para os céus dos Estados Unidos. Vitória por 3 a 2 nas penalidades, e o Brasil se sagrava o primeiro tetracampeão da história.
O capitão Dunga se tornou o primeiro brasileiro a levantar a Taça FIFA, enquanto o País voltava, novamente, a mandar no futebol.
Após 24 anos, o Brasil voltava a ganhar a Copa (AE)
Campanha brasileira na Copa do Mundo de 1994:
Primeira fase / Grupo B:
BRASIL 2 X 0 RÚSSIA
BRASIL 3 X 0 CAMARÕES
BRASIL 1 X 1 SUÉCIA
Oitavas-de-final:
ESTADOS UNIDOS 0 X 1 BRASIL
Quartas-de-final:
BRASIL 3 X 2 HOLANDA
Semifinal:
BRASIL 1 X 0 SUÉCIA
Final:
BRASIL 0 (3) X (2) 0 ITÁLIA
Trio de artilharia:
Oleg Salenko (RUS) – 6 gols
Hristo Stoichkov (BUL) – 6 gols
Michel (ESP) – 4 gols
Classificação final:
1º - BRASIL
2º - ITÁLIA
3º - SUÉCIA
4º - BULGÁRIA
5º - ALEMANHA
6º - ROMÊNIA
7º - HOLANDA
8º - ESPANHA
9º - NIGÉRIA
10º - ARGENTINA
11º - BÉLGICA
12º - ARÁBIA SAUDITA
13º - MÉXICO
14º - NORUEGA
15º - ESTADOS UNIDOS
16º - SUÍÇA
17º - IRLANDA
18º - RÚSSIA
19º - COLÔMBIA
20º - COREIA DO SUL
21º - BOLÍVIA
22º - CAMARÕES
23º - GRÉCIA
24º - MARROCOS